O LOUREIRO FAZ PARTE DA CULTURA.

A crescente afirmação dos Vinhos Verdes no panorama vinícola nacional e internacional deve-se, em grande parte, à exuberância do Loureiro. Esta casta nobre, que muitos consideram ter surgido originalmente na região do Vale do Lima, apresenta delicados traços aromáticos florais e frutados que lhe conferem uma suavidade e elegância únicas. A riqueza floral deste vinho, caracterizada por leves toques de tília e Loureiro, transporta-nos para os prados viçosos do Vale.

A sua cor dourada descende dos bagos amarelados e esverdeados característicos da casta Loureiro.

O sabor frutado, com forte inspiração citrina, proporciona uma experiência de frescura e suavidade que alia a distinta personalidade deste vinho ao território único onde ele é produzido.

Além da sua herança histórica inimitável, o Vale do Lima possui uma riqueza natural única. Este terroir apresenta interessantes nuances que permitem produzir vinhos de grande qualidade e com perfis distintos. Na zona mais interior, situada predominantemente nos concelhos de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, os solos têm origem em granitos porfiróides, muito ricos em feldspato, e, por isso, apresentam uma densidade arenosa grossa. Estes solos menos férteis permitem induzir mineralidade aos vinhos e, ainda, conferir-lhes um maior grau. O Interior tem um território de encostas marcadas e o desenvolvimento da vinha chega acima dos 400 metros. A pouca influência dos ventos marítimos nesta zona e a maior capacidade de drenagem dos solos, por se situarem em zonas declivosas, confere um contexto distintivo para o desenvolvimento de Loureiros com perfis mais encorpados.

Por sua vez, os solos do litoral possuem uma maior fertilidade fruto da origem em granitos dúcteis de grão fino. Nesta parte do território, a vinha desenvolve-se a baixa altitude (à exceção das encostas da Serra da Arga e das encostas de Refoios) e os terrenos são mais ou menos planos, ou seja, com uma maior disponibilidade de água. Pela sua situação geográfica e geológica, a influência dos ventos marítimos faz-se sentir. O mar proporciona um efeito estabilizador que reduz as amplitudes térmicas anuais e diárias. Assim, nesta zona, criam-se as condições ideais para o desenvolvimento de Loureiros com perfil mais leve, suave e fresco.

Microclima mais temperado
Influência atlântida
Solos muito férteis
Elevados níveis de humidade
Longa prática no cultivo

O desenvolvimento vitivinícola na região do Vale do Lima precede a existência do Estado Português. Os primeiros relatos referentes à cultura da vinha remontam ao início do século XII e apontam para um desenvolvimento impulsionado pelo clero e pelas instituições políticas vigentes.

Porém, a inclusão do Vinho Verde na cultura do noroeste português acontece, sobretudo, a partir do século XIII. A expansão demográfica e económica torna o vinho um importante elemento nas trocas comerciais. O seu valor aumenta e este néctar passa a ser um dos baluartes da forte tradição da região.

Este processo de consolidação ultrapassa a dimensão nacional. Embora a exportação fosse, inicialmente, muito limitada, as várias fontes históricas indicam-nos que os Vinhos Verdes foram os primeiros a ser conhecidos pelos parceiros de negócios portugueses, como a Inglaterra, a Flandres ou a Alemanha.

Contudo, a grande viragem no mercado vinícola da região ocorre no século XIX. As reformas políticas determinam uma maior liberdade comercial que, conjugada com o desenvolvimento dos transportes e comunicações, permite uma alargada comercialização e divulgação deste produto. Não interessava apenas a mercantilização em grande escala. Tornava-se necessário regular e orientar a qualidade deste produto.

Surge, então, em 1908, oficializada por decreto-lei, a “Região dos Vinhos Verdes”. Trata-se da demarcação dos territórios de produção e da definição de questões culturais que caracterizam este tipo de vinhos e as suas diferentes declinações. Em 1926, já com a “Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes” criada, opta-se por uma subdivisão deste amplo território em seis porções, nos quais se destaca a região do Lima.

O reconhecimento da denominação de origem conferiu, aos Vinhos Verdes, a oportunidade de afirmar o contexto de grande privilégio ambiental e geográfico em que estes vinhos são produzidos. Além disso, certificou o grau de especialidade e envolvência dos produtores locais.

Desde o início do século passado até aos dias de hoje, assistimos a uma progressiva sofisticação, primeiro na viticultura, depois na enologia, mais tarde na comercialização e, por fim, na promoção deste tipo de vinhos. As instituições políticas e económicas, apesar da sua natural reformulação e reinvenção, não cessaram nunca de estimular o Vinho Verde como um produto de elevada valia. Mais do que um prazer alimentar, a história prova-nos que o seu sabor único deriva, também, de ancestrais raízes históricas. É um produto da cultura que nos abre a janela de sensações desta tão rica região.

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